4. O ambiente de
aprendizagem enriquecido
4.a. Materiais
As escolas usam, muitas vezes, a justificação da falta de
material como desculpa para recusar dedicar-se à educação tecnológica.
Quando falamos de materiais, referimo-nos a materiais escritos e
sugestões de aulas. Embora tenha sido publicado muito material nos últimos
tempos, os professores ainda a ele não tiveram acesso. É importante que haja uma sua promoção activa ou uma política de
disvulgação deste material. Um outro problema deste material é o facto de
muitas vezes ser demasiado prescritivo, deixando pouco espaço à criatividade
dos alunos. (Este é um dos desafios deste projecto).
Do que as escolas precisam, em
particular, é de produzir materiais e produtos concretos e de materiais
específicos para a educação tecnológica. O único projecto com materiais
concretos foi aplicado em technoboxen. Estas caixas contêm muito
material gratuito. As escolas, em geral, ficam satisfeitas com tais propostas
porque temem os custos.
O material das editoras é quase sempre
muito caro e não constitui opção para as escolas. Se se decidir por essas
publicações, é importante fazer uma escolha criteriosa. Embora em muitas
escolas os Legodacta sejam utilizados, este material é vulnerável,
apesar da sua elevada qualidade, pois se faltar uma parte não se pode montar o
produto na sua totalidade.
Uma outra solução para os materiais foi
desenvolvida pelo museu infantil ZO&ZO. A ideia de base é muito criativa:
as próprias crianças criam um museu educativo e organizam visitas guiadas para
outras crianças.
Material educativo emocionante, através
do qual tudo pode ser descoberto. No que respeita ao projecto pode-se pensar
em: material educativo interessante, máquinas em que tudo pode ser descoberto,
que oferecem possibilidades de brincar (não os habituais brinquedos das lojas),
actividades criativas que professor e alunos idealizam.
Os estudantes futuros professores podem
ser excelentes dinamizadores. Para eles assim
nos diz a experiência é muito mais motivador trabalhar para um produto
necessário do que para a nota.
A cooperação com a indústria (que
estamos a estabelecer neste projecto) é de grande interesse para traduzir a
teoria em material profissional e duradouro.
Parte do trabalho, parte da solução do
problema, é abrir os olhos, ter professores que vêem oportunidades para a
educação tecnológica nos métodos de ensino, na sala de aula e na escola.
O oposto também é possível: uma escola
primária na Holanda (de Wichelroede em Udenhout) fez da Tecnologia o ponto
forte do currículo, estando todas as outras disciplinas a ela ligadas.
Convencer os professores através de
exemplos de boas práticas também pode ajudar. Muitas vezes isto funciona até com um instrumento tão simples como uma máquina
fotográfica. Neste projecto pensamos que ambos têm
de ser postos em prática.
4.b.
Condições
Uma boa condição que quase nunca é
utilizada é o apoio acrescido. Na Holanda é,
muitas vezes, possível trabalhar com um professor de apoio. Uma solução um pouco
menos comum é o trabalho com mentores: alunos mais velhos que apoiam as
actividades dos mais novos. Um dos pilares do projecto Technotalent é
a utilização de alunos mais velhos. Também há experiências com alunos do ensino
profissional que apoiam os do ensino secundário. A mais-valia é o nível de
aceitação, por um lado, e a experiência de ensino, por outro. Os estudantes do
ramo de ensino com conhecimento técnico e os estudantes de tecnologia do ensino
superior também podem apoiar os professores. Num projecto anterior, os dois
grupos de alunos trabalharam em conjunto e os resultados foram espantosos.
Quanto às condições físicas: uma sala
organizada para a educação tecnológica, por exemplo, em escolas de formação de
professores, em museus ou em centros de tempos livres. Também laboratórios:
salas com toda a espécie de experiências que estejam ligadas a equipamento TI.
Estas salas são bastante estimulantes. As escolas receiam os custos de tais
salas, mas também devem ter em atenção as possibilidades de exercício da
criatividade por parte das crianças. Os espaços e os instrumentos podem ser de
tal modo profissionais que assustam as crianças. O professor também não se sente à-vontade com isso. As crianças apanham como que uma overdose.
Quando se implanta uma sala e
respectivos instrumentos, estes têm de ser facilitadores para o utilizador e a
sua utilização apoiada de várias formas.
Por fim, é também possível projectar
este ambiente juntamente com os alunos. Uma escola
em De Haag fez justamente essa experiência com alunos dos 5º e 6º anos de
escolaridade (8 e 9 anos de idade). Juntamente com estudantes do ramo de
ensino, foi construída uma cidade de cartão com a qual deveriam brincar os
alunos de 6 anos (3º ano de escolaridade). Esta cidade de cartão também tinha o
propósito de convidar as crianças a acrescentar toda a espécie de complementos
técnicos possíveis para tornar a brincadeira mais rica. A falta de qualidade
foi compensada com a motivação e empenhamento das crianças.
Não compete ao nosso projecto lançar completos
meios educacionais em grande estilo, nem tais meios são de grande importância
para a educação tecnológica. O importante é mantermo-nos próximos da prática
diária das escolas, o que pode ser diferente de país para país, de turma para
turma. Temos de encontrar as melhores oportunidades para a educação
tecnológica. Num curso internacional ERASMUS, na escola de formação de
professores de De Haag, uma estudante portuguesa que tinha sido formada em
Animação sócio-cultural teve a oportunidade de fazer um estágio sobre
educação tecnológica. Acabou por ficar entusiasmada e passará a inserir a
educação tecnológica na sua prática futura.
Para a Holanda, será importante
enriquecer a prática existente para crianças de 4 e 5 anos com a prática da
educação tecnológica, aproveitando a oportunidade de se trabalhar por cantos. Um canto para experiências técnicas tem de fazer parte
das actividades diárias.
Sala de trabalho
Uma sala de trabalho prático é uma
condição importante para a educação tecnológica Os professores são contra o
caos que estas aulas geram. A solução reside, em parte, na organização e na
coragem de dar autonomia aos alunos.
É inquestionavelmente vantajoso o facto
de uma escola ter uma sala distinta com todos os equipamentos disponíveis para
actividades tecnológicas. Além disso, a educação tecnológica pode constar do
horário (por exemplo, para alunos mais velhos) e não é diluída nas outras
disciplinas, embora, como já se disse, seja um objectivo ter tecnologia em
muitas disciplinas. É uma questão de estratégia. Uma tal sala pode ainda estar disponível para trabalhar
todos os outros temas e disciplinas possíveis (incluindo a técnica). Em De Haag
, há o exemplo da Gelderlandschool onde assim acontece.
Mas até um simples canto ou um nicho
especial e um carro com materiais podem funcionar positivamente.